terça-feira, 20 de julho de 2010

Era uma Vez...



Há 5 anos o filho de D.Marina Botelho sabia que se apaixonaria por uma mulher com quem ele havia marcado um encontro.Ele tinha tanta certeza que havia encontrado a mulher de sua vida, linda ,maravilhosa,diferente de tudo,bem do jeitinho que ele sonhava... que por isso mesmo, embora seja um homem pontualíssimo e nunca espere por ninguém,esperou por ela que alega que com 4 filhos,1 cachorra,1 rato daqueles que giram na roda gigante,mais um pá de contas a pagar...não pode chegar na hora em nada na vida,a não ser no trabalho,por mais de 1 hora.


Essa Beyoncé,uhu,rs,por acaso sou eu que hoje me chamo com orgulho Eloah Botelho numa tentativa de pegar através dessa mudança de nome,um pouquinho de tudo do muito que admiro na Marininha.




O primeiro ano foi inteiramente dedicado ao namoro e ao fogo da paixão...

A partir do 2º ano a paixão embora nada racional,continue latente, generosamente dividiu seu lugar com o amor e tudo o que se conquista quando nos dedicamos a ele.



Hoje casada com o Zé, sou a nora da senhora Botelho, uma “jovem” senhora de 92 anos!!!


Vou contar nossas conquistas da perspectiva que justifica essa homenagem que um dia será um tributo a Marina que de tão gostosa em me acolher em sua vida,gostosa em nossos intermináveis papos das 5ª feiras quando dormia religiosamente em sua casa,se tornou esse TESÃO DE SOGRA!


Não somos uma nora e sogra muito comuns, a começar pelo ineditismo de apenas aos 4.0,ter o privilégio de ter uma sogra de quase 1 século de vida e muiiiiiiiiitos causos para me contar.

Conversávamos sobre tuuuuuuuuuudo que se possa imaginar: casamento, maridos, afazeres domésticos, trabalho, filhos, sexo, bunda e coxas masculinas grossas e cabeludas um ponto em comum entre o marido dela e o meu...rsrs.

Carlinhos como ela chama meu sogro, era caminhoneiro o que talvez tenha estimulado a tremenda independência que ela sempre demonstrou morando sozinha e não dependendo de ninguém para nada.



Banco,mercado,feira,padaria tudo por conta própria...

Em meu primeiro dia das mães como namorada do Zé, estranhei o fato dela ficar em casa sem ninguém e resolvi convidá-la para irmos a um super restaurante de frutos do mar. Fomos eu,ele,ela e meus filhos.

Depois em dezembro percebi que da mesma forma, não havia um planejamento de “para onde vai Marina no próximo natal”? Levei –a para minha casa e passamos nosso 1º natal como uma maravilhosa e verdadeira família trapo,rs.
Tivemos sua companhia e sua especialidade natalina, rabanadas com mel.




Assim redescobri e só ratifiquei a importância e a dignidade de ser independente, principalmente no envelhecimento. Descobri admirada que lidava com uma pessoa mais lúcida que muito jovem que conheço,e que não dependia de ninguém para prover suas necessidades básicas,pois Carlinhos a deixou com uma pensão .

...Até que eu chegasse à sua vida, ela ficava largada em casa apesar da idade avançada...nos natais como já disse, entre outras datas comemorativas,inclusive aniversários.




Estabeleci uma rotina de estarmos semanalmente juntas AO VIVO e todos os domingos nos falávamos por telefone.

Ou seja, construímos uma história baseada no amor, carinho, muita diversão, respeito mútuo e muita admiração de minha parte.




Acho que por conta de toda essa vitalidade que ela sempre exalou, e por sermos muito próximas, nunca a imaginei doente ou não estando mais entre nós...




Esse ano em Janeiro meu marido teve a intuição de que nossa tão desejada viagem a 3 tinha que acontecer de qq forma naquele mês.Como com intuição não se brinca,fomos a São Lourenço ,lugar que ela freqüentava com meu sogro e onde ela queria voltar.

Viagem mega astral. Quantos passeios, comidinhas e até pinga a minha “véia” tomou.Por onde passávamos ela sempre muito falante fazia amigos e dizia toda orgulhosa:
“Eu tenho 91 anos”.




Que bom termos viajado, pois pelo que fomos informados meu marido e eu,ela está morrendo então não haverá outra oportunidade.

Derrepente por volta do mês de maio ela começou a ter uns troços nas pernas que culminaram com algo que não sei bem o que foi-tipo trombose sei lá...tenho horror a falar do que não entendo.

Acabou sendo internada num hospital...bom, por enquanto vou pular essa parte...mas essa internação merece um capítulo digamos assim jornalisticamente a parte...
Me cutuca pra ver.



Semana passada acho que dia 10 por ai,ela saiu do hospital e foi enjaulada num local onde não me deixam vê-la...não ,não sei qual a razão,sei apenas que esse ato cruel é orquestrado por um legítimo HPp e uma faxineira de Telemarketing.

Sem dúvida isso configura uma tremenda violação de nossos direitos humanos meu e dela, que em nenhum momento (falo com ela ao telefone),disse que não queria mais me ver nessa vida.




Em consideração a ela e a maravilhosa história que sei que construímos juntas,embora pudesse tomar atitudes legais,resolvi não fazer parte desse jogo sujo para deixá-la morrer em paz.Morro de saudades e sei que não poderei dar um último beijo e abraço nela,mas nos últimos anos, ela nunca foi tão abraçada,beijada e ouviu tanto “Eu Te Amo’como o que veio de minha parte...



Minha cabeça deita no travesseirinho entre as tais coxas das quais tanto falávamos eu e ela e dorme muito bem.

Nossa história juntas,nossos momentos e o que está em nossos corações,não tem violação de direitos,praticada por gente infeliz que apague,ou interfira.




Mas como disse, já que não posso vê-la escrevo como se fosse enviar para ela minhas palavras de carinho e conforto.

Um brinde a vida e a todo amor construído!!

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Reconhecimento dos Direitos das Mulheres como Direitos Humanos

A Constituição Federal de 1988 significou um marco em relação aos direitos humanos das mulheres e ao reconhecimento de sua cidadania plena. Isso foi conseqüência, principalmente, da articulação das próprias mulheres com ações direcionadas para o Congresso Nacional, apresentando emendas populares e organizando mobilizações que tiveram como resultado a inclusão da igualdade de direitos sob uma perspectiva étnico-racial e de gênero.

A Constituição, como documento jurídico e político das cidadãs e dos cidadãos, buscou romper com um sistema legal fortemente discriminatório contra as mulheres. Contribuiu para que o Brasil se integrasse ao sistema de proteção internacional dos direitos humanos, reivindicação histórica da sociedade.

Dois tratados internacionais assinados e ratificados pelo estado brasileiro referem-se especificamente à promoção e defesa dos direitos das mulheres:
- Convenção da Organização das Nações Unidas sobre Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher,
- Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher.

Tais tratados, além de criarem obrigações para o Brasil perante a comunidade internacional, também originam obrigações no âmbito nacional e geram novos di-reitos para as mulheres que passam a contar com a instância internacional de decisão, quando todos os recursos disponíveis no nosso país falharem na realização da justiça. Isto significa que é possível, portanto, pedir auxílio e denunciar práticas de violência contra a mulher à Comissão Interamericana de Direitos Humanos.


A violência praticada contra a mulher é um dado inquestionável da realidade mundial e a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher reconhece expressamente em sua parte inicial que as mulheres estão sujeitas a ela sem distinção de raça, religião, idade ou qualquer outra condição.

O sistema de proteção dos direitos humanos, as abordagens inovadoras apresentadas pela Constituição Federal de 1988 e os avanços dados por uma interpretação legal e política que busque considerar a eqüidade de gênero, étnico-racial e social propiciam a efetividade dos direitos humanos e da cidadania das mulheres.

A violência contra a mulher abrange a violência física, sexual e psicológica e pode ocorrer no espaço público ou privado. No Brasil não existe legislação es-pecífica que ampare de maneira abrangente o combate à violência praticada contra a mulher inclusive a violência doméstica. Dessa forma, utiliza-se o Código Penal, que é um conjunto de leis que não levou em conta a situação específica da violência contra a mulher. Atualmente há projetos de lei que trazem algumas alterações progressistas na legislação criminal. Vale a pena citar o Projeto de Lei n.º 117/03, da deputada Iara Bernardi, que suprime a expressão "mulher honesta" dos artigos 216 e 231 do Código Penal. No mesmo projeto a deputada propõe a alteração do artigo 129 do mesmo Código, introduzindo o crime de violência doméstica.

A violência contra a mulher é qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada (art. 1º da Convenção de Belém do Pará). A Convenção reconhece expressamente que a violência é um fenômeno que afeta todas as esferas da vida da mulher: família, escola, trabalho, saúde e comunidade.

Esta definição aumenta ainda mais sua importância ao preocupar-se com a violência na esfera privada, isto é, a violência doméstica, pois os agressores das mulheres geralmente são parentes ou pessoas próximas. A violação dos direitos humanos das mulheres, ainda que ocorra no âmbito da família ou da unidade doméstica, diz respeito à toda sociedade, inclusive ao poder público.

A violência doméstica não é uma "questão menor" ou apenas de ordem privada. Segundo Leila Linhares, o indivíduo, ao agredir ou matar sua mulher, "porque ela deixou de fazer a comida, não chegou cedo em casa, enfim, resolveu desobedecê-lo, está difundindo um modelo perigoso à ordem pública. A pouca importância dada aos crimes cometidos no espaço doméstico pode levar ao entendimento de que existe uma lei privada, uma lei interna às famílias que permite que pais castiguem filhos até à brutalidade e que maridos e companheiros castiguem suas mulheres porque elas não corresponderam ao papel de esposas ou de mães tradicionais".
A mulher é costumeiramente penalizada em dobro no âmbito das relações domésticas: quando se trata do reconhecimento e da valorização do trabalho doméstico, este se torna invisível e desprestigiado, porém, quando se trata da violência ocorrida dentro desse mesmo espaço, imediatamente surgem as vozes em defesa desse espaço "sagrado", "indevassável" por quem quer que seja.

Coletivo Feminista Sexualidade e Saúde
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